Professor dos cursos de Arquitetura e Urbanismo & Design do UniBH, Luiz Felipe Martins de Brito explica o que motivou a demanda, já aprovada pelo legislativo, que será definida em voto popular.
Belo Horizonte pode em breve ter uma nova bandeira. A Câmara Municipal da capital já aprovou, em abril, uma proposta para alterar o design atual, num processo que tem gerado debates intensos entre moradores e especialistas em heráldica. Nas eleições deste ano, marcadas para o dia 6 de outubro, belorizontinos decidirão, junto à escolha de seus representantes, se a mudança no símbolo da cidade deve ou não ser adotada.
A atual bandeira, adotada oficialmente em 1969, exibe um fundo branco com um brasão centralizado que contém símbolos representativos da cidade. No entanto, alguns especialistas em design argumentam que o design é antiquado e pouco inclusivo, não refletindo a diversidade e a modernidade de Belo Horizonte. A proposta de alteração sugere um layout mais contemporâneo, que incorpora elementos culturais e históricos mais amplos, buscando uma maior representatividade para todos os cidadãos.
“A ideia da nova bandeira é tornar o seu desenho mais alinhado com as discussões contemporâneas em design e vexilologia (estudo das bandeiras). A partir de elementos essenciais retirados do brasão de Belo Horizonte, que hoje compõe — e se confunde com — a bandeira, como o céu, o sol e as montanhas da Serra do Curral, cria-se uma composição mais sintética e pregnante, ou seja, mais fácil de ser relembrada e reproduzida, em detalhes, pela maioria dos cidadãos”, explica Luiz Felipe César Martins de Brito, professor dos cursos de Arquitetura e Urbanismo & Design do UniBH.
Na internet, a pauta também divide opiniões. De acordo com os defensores da mudança, uma nova bandeira poderia fortalecer o senso de pertencimento e orgulho entre os moradores. Por outro lado, há quem veja a proposta com desconfiança, alegando que a alteração interfere no legado histórico da cidade, além de representar um custo desnecessário aos cofres públicos em tempos de austeridade.
Com a votação marcada, a população de Belo Horizonte aguarda ansiosamente o desfecho desta questão. Se aprovada, a nova bandeira promete não apenas redesenhar o panorama visual da cidade, mas também iniciar um novo capítulo na história de Belo Horizonte, refletindo uma identidade mais dinâmica e inclusiva para seus habitantes.
“Dentro de um processo democrático, as discussões entre diferentes pontos de vista são muito bem-vindas. Contudo, é importante serem feitas a partir de considerações bem embasadas. A história de uma cidade e de seus símbolos está em constante transformação, ligada às memórias, valores e percepções de seus cidadãos. Não seria um bom momento para nos abrirmos à discussão sobre como Belo Horizonte quer se posicionar nestes novos tempos? Uma bandeira, sendo simbologia e comunicação visual, é parte importante desse processo“, conclui o docente.
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