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Empreendedorismo Feminino em Foco – Desafios, Conquistas e Caminhos no Brasil

O empreendedorismo feminino tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. O número de mulheres que assumem a gestão de empresas como atividade principal cresce de forma consistente, demonstrando protagonismo em setores antes predominantemente masculinos.

Apesar desse avanço, ainda há muitos obstáculos a serem superados. Estudos apontam que as mulheres abrem negócios na mesma proporção que os homens e, em média, possuem maior escolaridade. No entanto, seus empreendimentos registram faturamento menor, lucros reduzidos, baixa diversificação e menor potencial de internacionalização. Além disso, elas enfrentam taxas de juros mais altas, mesmo apresentando índices de adimplência superiores.

Esses e outros pontos foram debatidos no Inova Varejo, realizado em 4 de outubro, no Minascentro, em Belo Horizonte. O evento contou com um painel dedicado aos desafios do empreendedorismo feminino, que reuniu Astrid Fontenelle, Gabriela Prioli e Giovanna Antonelli. Após o debate, as convidadas conversaram com a equipe do Portal BH Em Pauta, aprofundando reflexões sobre os principais obstáculos e perspectivas para o fortalecimento dos negócios liderados por mulheres no Brasil.

Segundo Gabriela Prioli — advogada, autora de best-sellers e influenciadora com mais de 2 milhões de seguidores —, a desigualdade no acesso ao crédito é um dos maiores entraves: “Muitas empreendedoras recorrem a recursos próprios para iniciar seus negócios, enquanto os homens, mesmo com menor escolaridade, têm mais acesso a linhas de financiamento. Essa disparidade mostra que não se trata de falta de preparo das mulheres, mas de barreiras estruturais que precisam ser superadas.”

O cenário reflete-se em rankings internacionais. De acordo com o GEDI 2015, o Brasil ocupa a 60ª posição no ranking de empreendedorismo feminino, entre 77 países avaliados. O dado reforça a urgência em fomentar negócios liderados por mulheres, não apenas para impulsionar seu empoderamento econômico, mas também para fortalecer o crescimento coletivo da sociedade.

Histórias como a de Araceli Fernandes, confeiteira e empreendedora de Itaúna (MG), revelam o impacto dessa transformação: “Começar o próprio negócio foi, para mim, uma forma de conquistar autonomia e mostrar que é possível equilibrar sonhos, família e trabalho. Ainda enfrentamos barreiras, mas cada conquista abre caminho para que mais mulheres se sintam seguras em empreender.”

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Astrid Fontenelle, Giovanna Antonelli e Gabriela Priolli – Foto: Divulgação

Segundo pesquisa do Sebrae (2023), as empreendedoras brasileiras enfrentam obstáculos específicos:

  • Influência da maternidade: 68% das mulheres afirmam que a maternidade impacta diretamente a decisão de empreender (contra 56% dos homens).
  • Sobrecarga de responsabilidades: 76% das mulheres relatam dificuldade em equilibrar negócios e família, enquanto 55% dos homens compartilham da mesma percepção.

Para Astrid Fontenelle, o protagonismo feminino transcende a abertura de empresas: “O empreendedorismo feminino promove diversidade, amplia oportunidades de emprego e fortalece a economia local. Investir em políticas de apoio às mulheres é investir em desenvolvimento social.”

Já a atriz e empresária Giovanna Antonelli destacou sua própria trajetória como exemplo de visão estratégica e inovação: “Desde o começo enxerguei meu trabalho com visão empreendedora, construindo minha trajetória com propósito, planejamento e inovação. Transformei minha imagem em marca, lancei produtos, fiz licenciamentos e gerei negócios em diversas áreas. O empreendedorismo nunca foi um desvio de rota, mas uma extensão natural do que sempre fiz: criar, conectar e expandir.”

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Foto – Kátia Matias

Minas Gerais

O empreendedorismo feminino em Minas Gerais continua a se afirmar com força e relevância. Segundo dados do Sebrae Minas, com base na Receita Federal, 40,9% dos pequenos negócios ativos no estado — correspondendo a 897.481 empreendimentos — são liderados por mulheres, posição que coloca Minas Gerais como o segundo estado do Brasil com maior participação feminina, atrás apenas de São Paulo. A média nacional é de 41,5%.

Perfil das empreendedoras mineiras

  • Idade e composição familiar: mais de 60% têm entre 31 e 50 anos, muitas são casadas e 70% têm filhos. A faixa etária mais expressiva é de 31 a 40 anos, representando cerca de 27,7% das empreendedoras
  • Iniciativa própria: 93% começaram o empreendimento por conta própria.
  • Tempo de consolidação: 41% dos negócios têm entre 3 a 5 anos de mercado, sinalizando um perfil de maturidade e consolidação.

O debate reforça a urgência de fortalecer políticas públicas, programas de capacitação e ampliar o acesso a crédito justo, criando condições para que mais mulheres avancem em suas jornadas empreendedoras e consolidem seu papel como agentes de transformação econômica e social.

As dificuldades, embora presentes, não são capazes de frear sua determinação: movidas por sonhos que superam preconceitos e barreiras, elas transformam desafios em oportunidades. O empreendedorismo feminino, portanto, já não é apenas um desafio, mas uma realidade em constante expansão, que a cada dia conquista mais espaço e inspira novas histórias de coragem, inovação e impacto.

Por Kátia Matias